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sábado, 3 de dezembro de 2011

Poema de chão


Cheguei ao chão
e de chão fiz meus pés
Tornei-me estrada

Fiz céu da minha dor
e havia Maria
em toda parte

Um menino preso ao chão
com um badoque na mão
olhando para o céu

Mira o moleque
com jeito de quem
sabe a chuva que vem

Se perde o menino
mundo a fora
sem rumo nem prumo
Menino de chão

Em que rua nos vimos, menino
Por quais ruas nos lançamos
até nunca mais

Em que rua
demos as mãos
sob o mesmo céu

Quando fomos
nossa dor
e nos sentimos chão

Somos hoje, menino,
um país
de céu e estradas

e Maria
num certo dia choveu
e nos encheu de rios

que nos cortam
que nos sangram
que nos lavam



Dodô Cavalcante

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