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quinta-feira, 29 de março de 2012

Miguelo Banguelo


Vem vindo
alguém
como é que
ele é
tem jeito de Quem
ou será Zé Mané
vem vindo Alguém

Não sei quem
vem lá
mas vem se bulindo
querendo brincar
ou será uma dança
doida de dançar
não sei Quem vem lá

Parece um
rapaz
que venha em
paz
parece do Céu
então é Miguel
parece um Rapaz

Bem vindo
Miguel
assim como o vento
que sopres teu canto
pros nossos tormentos
serão acalantos
bem vindo Miguel

Dodô Cavalcante

quarta-feira, 28 de março de 2012

Hoje eu sou poeta (meu jeito e o teu)


Para Jojoba

Querido diário, hoje o dia amanheceu leve.
Na balança apenas um sorriso de alívio – a tristeza é pesada no fim da tarde. Fim de tarde tudo é taciturno menos meu coração vadio de poeta.
Ah, querido diário, quase esqueço! Hoje eu sou o poeta Giordano Bruno.

Dodô Cavalcante

segunda-feira, 26 de março de 2012

sábado, 24 de março de 2012

Uns versos para Marcelo


Para Mann
Se dissesse que sim
que o céu é azul
e eu sou de aquário?

se definisse verdade:
engano afoito,
megalomaníaco?

Se falasse da lua
que é feita de queijo
e esconde um rato
em vez de um dragão?

Se contasse que o mar
o mundo salgou
por não saber chorar?

Se mostrasse uma música
lembrando um aroma
de saia rendada
descendo a ladeira?

Se dissesse: os poemas
são deuses antigos
alimentam seus ritos
coração de poeta

Se mostrasse uma criança
sonhando infância
assanharem os cabelos
fazendo sorrisos

Se pedisse ajuda
- onde acabaria este poema?

Dodô Cavalcante

quinta-feira, 22 de março de 2012

Coisa assim


Para Mariana de Paula
E esses zôio
são matutinos ou fim de tarde?
É de alegria ou mulecagem
teu riso doido?

E esses passos
tao indo ou  vindo?
ninguém sabe
se ficam ou são só de passagem.

É miragem, assombração?
É milagre ou invenção?
Não sei. Uma estrelinha estranha
talvez Mariana

Dodô Cavalcante

sábado, 17 de março de 2012

Malu Cavalcante


Os gênios influenciam gestos e falas
das gentes
há uma mulher em mim
que ainda não é assim
musa nem puta
Malu, talvez
mas sou

Presença de bomba H
Nada apenas é
após você chegar
poema?
um beijo

Dodô Cavalcante

quinta-feira, 15 de março de 2012

Resposta a João Paulo


O silêncio já compôs
a música pra este momento

Os pingos incessantes
da torneira mal fechada
o vento fazendo cafuné nas árvores
levantando as telhas das garagens
afagando e alardeando, o vento
o folhear, o leve folhear
de um livro de poesias
dão o tom da melodia
que o silêncio compôs pra este momento

Dodô Cavalcante

sábado, 10 de março de 2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

CONFISSÃO


Para Gustavo Henn

Meu crime ainda mora na Rua Zico.
Quem por lá passa me vê fugir, me vê morrer.
Meu corpo ainda agoniza na Rua Zico.
Eu matei a mim mesmo por vingança e covardia.
Na Rua Zico reside meu tormento,
Minha glória, minha agonia,
Minha justiça,
Meu crime.
Na Rua Zico eu cresci.
Na Rua Zico
Eu vivo-morro.

Dodô Cavalcante

terça-feira, 6 de março de 2012

As flores de agora




(As flores que eu colho em mim
trago-te neste pedacinho de papel
com o perfume de agora.)

O incansável jardineiro
traz as rosas que não conseguiram
murchar com o mau tempo
dos últimos dias

A menina olha ansiosa o que
tem nas mãos...
Ler pétala por pétala
e fica a imaginar quão vasto
seria o seu jardim.

Dodô Cavalcante

segunda-feira, 5 de março de 2012

Três para Lena



I
Lamento
esse mar imenso
a nos separar

Invento
alguns versos ao menos
Intento
agrados de vento
frescor de mar lusitano

Entre as flores
cresci e vivi
De mar é meu sangue
tormenta de morte
suspiro
ciclone

Mas digo
que tenho
a brandura das folhas caindo
a carícia da brisa no mar
desse mar
que me leva
e te traz

II
Eu sou
algum pescador
trazendo do mar o cheiro
no cesto um cardume inteiro
de versos que achei por lá

Não sou poeta
de peito dorido
Sou feito de vento
filho da folha
neto do mar

III
Estou ao leme
durante a chuva
amansando noites e oceanos
minha bandeira, feito
santos nos altares,
é esperança pros que choram
seus pesares

teus olhos avisam
um lugar de repouso
teus braços
ondas de afagos
dão-me sensação de naufrágio

E quando eu me for
simplesmente me for
por mares e oceanos de novo
que lindas luzes
me servirão de cais?

Dodô Cavalcante

sexta-feira, 2 de março de 2012

Depoimento


Para Jarbas Santos

Em cada verso teu, caro amigo
Mora um pouco das imagens
Que trago comigo desde menino
A descoberta constante do primeiro amor
 - o amor é sempre uma novidade-
O frio que dá na barriga antes do primeiro beijo
Escondido dos pais das meninas
Brincadeiras de bola, pipas no céu, esconde-esconde
Cigarro na boca do sapo, comadre florzinha
Broncas dos pais, notas vermelhas na escola
Recuperação no fim do ano e os castigos no início das férias
Em cada verso teu, meu amigo – e isso eu posso dizer –
Há o calor das manhãs de janeiro
Há também o gosto dos janeiros na casa da minha avó
Com aquelas bacias lotadas
De manga rosa e manga espada
- teus poemas têm o gosto das mangas da minha infância.
Na verdade, meu amigo, em cada verso teu
Há um gosto muito forte de saudade

Dodô Cavalcante

quinta-feira, 1 de março de 2012

Para Geovanna


Era como se dissesses “está tudo errado”
E ensinasse
Uma nova maneira de viver
Mas não demora a retornar
pois já estou pequenininho
Para essa saudade
Que transborda os olhos
salgando-me a boca
ainda em silêncio
velando a ida
Dorme filha querida
Como esses anjos enfeitando os sonhos
Vem agora embalar meu sono
Do jeitinho que fazias antes de nascer
Viveste a minha vida também
E agora,de onde estiveres
Começa a sonhar um mundo
onde a despedida
Seja um sincero até breve

Dodô Cavalcante