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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Protesto


Eu não sei porque as palavras
Teimam em fugir de mim
Talvez pela pouca intimidade comigo
Ou porque me acompanha desde menino
A euforia de um eterno iniciante
As mais belas palavras permeiam
Obras de infames cujos poemas
Não valem sequer um Real
Vou fazer um poema seco em protesto
por todos os outros que
Tiveram a vida prematuramente arrancada
(para onde vão os poemas que morrem na infância)
Vou fazer um poema morto de beleza
Isento de qualquer dor
Um poema pobre, maldito e escuro
Para que não corra o risco de iluminar
Os amantes convencionais,
Mas aos loucos, putas e bêbados
 - será deles o reino dos céus –
Pois apenas eles sentem
Meu desespero, minha frustração, meu luto
Pela morte prematura
De mais um poema.
 
Dodô Cavalcante

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