Marina é um drible bem dado da
direita na parcela da sociedade brasileira que não quer mais o PSDB/DEM no
Governo. É um drible estilo Garrincha. Aquela inesquecível imagem do anjo das
pernas tortas em que finge que vai para um lado, mas vai para o outro ilustra
muito bem o movimento da direita brasileira.
Uma direita travestida de nova,
de outra via, de outra coisa. De qualquer coisa que seja. Uma direita de
aparência amorfa, mas que sabe muito bem o que quer. O que sempre quis. Mas de
maquiagem. A nova política é a nova cara da direita. Maquiada. Com pinta de
moderna, mas com métodos extremamente antigos. Para Marina, tanto faz explicar
programa de governo, governabilidade ou qualquer coisa parecida. Já se sabe
como. A direita não mudou. Marina que mudou. Mudou de lado. Aceitou ser a
hospedeira do parasita neo-liberal, neo-tucano, neo-colonialista, neo-sem-vergonha-de-ser-oportunista.
Diferentemente do que se pensa,
Marina sabe muito bem o que quer. A antiga elite (a que realmente é elite)
comprou o desejo de Marina. Marina mudou de lado, mas não mudou de jeito. É
extremamente ela. Extremamente autoritária. Repito o que sempre digo: precisou
fundar um partido só dela pra poder fazer do jeito que bem quiser. Marina pode
até não saber o que quer ao certo, mas sabe muito bem o que não quer: maiores
esclarecimentos. Marina quer ser presidente. E apenas isto.
Mané Garrincha, malandro dos
gramados, se destacou pela imprevisibilidade de suas jogadas. Seus adversários,
atônitos e apreensivos, buscavam, em vão, interromper o sucesso de suas
inesperadas aventuras. Mané sabia muito bem o que queria: driblar. Mas sabia
que uma sucessão de dribles poderia levá-lo ao gol. A direita sabe aonde quer
chegar com seu drible. Mas comemorará sozinha caso consiga fazer o gol.
Marina é apenas o drible.
Dodô Cavalcante