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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O poeta e a Solidão


(Poeta)
No meu carnaval
Deixarei minha dor
Observar do portão.
Tanto samba, passo e frevo
Rico, branco, pobre ou preto
Bagunçando sem cordão.

Tanta gente na folia
Cheirando e fumando alegria
Bebendo descontração
Tragando tamanha euforia
Sairás solidão, quem diria,
Dessa amarga escuridão

Sou poeta desalmado, serei morte
E mesmo sem sorte
Não caio sozinho no chão.
Embora o medo apareça
E a folia de momo padeça
Em meus braços se lançarão

E a ti, solidão, que tristeza!
Asco, desprezo e a certeza
De uma imensa sofreguidão.

(Solidão)
Mas por que achas que eu sempre estou sozinha?
Sou companheira inseparável dos que sofrem por amor
e dos que nunca o experimentou.
E tu, pobre poeta? Agora mesmo me beijas.
Lutas contra o amor que tenho
e não me vês como a única que realmente te deseja.
Estou contigo quando te enganas nos braços,
nas camas das falsas amantes de tépidas chamas.

Mas compreendo, sou paciente.
Sei que retornarás cedo ou tarde pros meus braços,
se afogar nos meus beijos que embora amargos
saciam tua sede de amor.

Tu, nobre amigo, fizeste este samba comigo,
como teus versos mais sentidos são feitos pra me encantar.
E é só a mim a quem teus versos comovem,
pois me conheces de fundo, faço parte do teu mar.

E sendo assim, meu poeta, desculpo-te a ingratidão de agora,
por saber que em outros olhos me procuras
e cada verso teu de amargura é pra se desculpar.

E desse jeito, novamente em nossa cama,
envolvido nos meus braços
cantarás um novo samba
quando teu carnaval se acabar.
Dodô Cavalcante

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