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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Dissertação com fins de obtenção de nota no curso levemente egoístico e profundamente egocêntrico do professor Clodoaldo Cavalcante

Este texto foi enviado por um amigo que nunca vai perder essa mania de sempre melhorar tudo em que se mete. Dez e meio, caro aluno.

título: um abraçaço!

Não obstante toda impertinência consciente deste e-mail, a missiva relutou em sair das minhas mãos, ao mesmo tampo que não o fez da minha cabeça. Também como aviso introdutório, esta não exige resposta, retratação, solidariedade, ou reciprocidade;  vai como uma carta a uma interlocutora desconhecida, invisível, parcialmente imaginária, ao passo q apenas quase se prende em projeções. Tem, assim, a exclusiva intenção de eximir-se da "culpa" passível de ser depositada em que evita a dúvida - para deixar-se vagar pelos existencialismos sartreanos, não fugindo dos clichês, mas ao menos dos romantismos puros.

Mas, então, frente ao desconhecimento da minha interlocutora, é a essas projeções que escrevo, guardando um profundo desejo de alguma identificação entre ambas, mas desacreditando disso com intuitos de autopreservação.

Nessa medida, desacredito, logo, que em cada justificativa irrisória para um abraço florido, apenas parcialmente polido, justificável aos olhos anônimos como possivelmente entre amigos de longa data, poderia haver algum interesse oculto pela própria alma de alguma troca de energia efêmera, descomprometida, guardado pelo particular interesse em conhecer e se permitir ser conhecido. Desacredito, ainda, que a partir de um interesse tão mundano - ao passo que também sublime -, possa ter havido algum interesse reprimido em se deixar apresentar de fato para o outro.

Da mesma forma, coloca-se como impossível que a minha interlocutora-projeção tenha de alguma forma notado que os interesses particulares se encontravam muito menos nas reuniões de troca de conhecimento, que na possibilidade ínfima apresentada de uma inesperada oportunidade de uma situação redentora do autocontrole e responsabilidades sociais nas quais nos encontramos acorrentados e identificados.

Enfim, desacredito que se de alguma forma - mesmo torta - eu venha a estar completamente enganado, esta situação venha a se tornar em qualquer momento de descuido, explícita e declarada, se não, apenas enterrada e obscurecida.

Assim, com esse movimento suicida de sinceridade descabida e ingênua, espero, talvez apenas certa complacência não constante a intelectuais, oq já poderia soar como comprovação material suficiente de toda reciprocidade possível.

Porém, por acreditar que esta missiva não terá sua conclusão lida. Por compreender que seu tom enfadonho, démodé e pouco lúcido só vem a afastar qualquer possibilidade de interlocução real, paro de escrever. Não concluo, encerro as chantagens emocionais e peço a quem quer que leia, que, por favor não me tenha mal. Aqui vai um e-mail que não deveria ser enviado, uma intenção que poderia ter sido muito mais sutilmente alimentada numa sofisticação digna dos mais "vermelhos e negros personagens".

Inconcluo o impossível...

Dignamente, sem autor, fatos, ou existência, "oq não tem motivo nem nunca terá, oq não tem juízo".

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Revolução

O amor se reapresentou a mim por estes dias
em outras cores, em outros sons e cheiros; numa forma
e ritmos inesperáveis que quase
demorei em reconhecê-lo

O amor, como sempre, me provando
que é a força motriz das revoluções.
Das revoluções de verdade, que vem do peito
do sangue das gentes, da gana
por liberdades...

Desta vez o amor se mostrou
Guevara
e eu Cuba livre.

Dodô Cavalcante.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Saudade

Saudade é coisa
Pra ontem
Ou antes de ontem

O amor é coisa
pra já
Pro quanto antes

O amor tem saudade
e saudade é quem ama
de perto ou de longe
de hoje em diante

Dodô Cavalcante

domingo, 19 de maio de 2013

Sobre o Amor em breves linhas




Para Dona Katarina, ou mainha.

O Amor levanta cedo, reclama das noites. Brilha o dia inteiro como durante todos esses anos. Nunca reclamou da vida sofrida, árida... lamenta, mas procura o tempo inteiro ser feliz.
O Amor também joga cartas e depois pega no sono. O Amor dorme só e mesmo assim acorda cantando; adivinha o que eu penso e o que vou fazer, o que quero comer; conversa com fotografias e plantas;
As vezes me ensurdece, o Amor. Com suas ladainhas e cuidados reclama de toalhas na cama, do violão jogado, noites e noites em claro nas ruas atordoado; o que faço tão longe? Pra onde vou apressado? Das idas e vindas dos cigarros...
O Amor me acorda cedinho, não há dia certo: quarta, quinta, sexta ou sábado. Precisa dos meus olhos abertos por perto, meu faro aguçado, paladar refinado. Precisa do meu humor, mesmo que mal-humorado. Gosta de abraços, beijinhos e ouvidos. Tem me cobrado bem menos, o Amor.
O Amor fala muito, gosta da rotina, de falar sobre os dias, descreve com exatidão e sutileza cada sensação cotidiana: cheiros, medos, ganhos, vultos, defeitos e o amor. O Amor me ensinou a mudar os dias por ter me ensinado a senti-los, observá-los com zelo. Me ensinou o valor das pessoas por perto e que viver junto é difícil, mas sozinho é mais caro. Me mostrou que dia de chuva pode ser bom porque junta todo mundo em casa. Me fez gostar da chuva – logo eu, que sou inteiro verão!
É meu professor, o Amor. Me ensina a vida inteira sobre felicidade, política, poesia, cozinha, educação e amar. Me fala que o bem é sempre a melhor opção. E que sempre há esta opção. E que não se perde oportunidade de se fazer o bem. Mesmo maltratado, o Amor sempre ama a gente.
Me acalentou tanto, o amor! E eu apenas a amo.


Dodô Cavalcante