Para Dona Katarina, ou mainha.
O Amor levanta
cedo, reclama das noites. Brilha o dia inteiro como durante todos esses anos.
Nunca reclamou da vida sofrida, árida... lamenta, mas procura o tempo inteiro
ser feliz.
O Amor também
joga cartas e depois pega no sono. O Amor dorme só e mesmo assim acorda
cantando; adivinha o que eu penso e o que vou fazer, o que quero comer;
conversa com fotografias e plantas;
As vezes me
ensurdece, o Amor. Com suas ladainhas e cuidados reclama de toalhas na cama, do
violão jogado, noites e noites em claro nas ruas atordoado; o que faço tão
longe? Pra onde vou apressado? Das idas e vindas dos cigarros...
O Amor me acorda
cedinho, não há dia certo: quarta, quinta, sexta ou sábado. Precisa dos meus
olhos abertos por perto, meu faro aguçado, paladar refinado. Precisa do meu
humor, mesmo que mal-humorado. Gosta de abraços, beijinhos e ouvidos. Tem me cobrado bem menos, o Amor.
O Amor fala
muito, gosta da rotina, de falar sobre os dias, descreve com exatidão e
sutileza cada sensação cotidiana: cheiros, medos, ganhos, vultos, defeitos e o
amor. O Amor me ensinou a mudar os dias por ter me ensinado a senti-los,
observá-los com zelo. Me ensinou o valor das pessoas por perto e que viver
junto é difícil, mas sozinho é mais caro. Me mostrou que dia de chuva pode ser
bom porque junta todo mundo em casa. Me fez gostar da chuva – logo eu, que sou
inteiro verão!
É meu professor,
o Amor. Me ensina a vida inteira sobre felicidade, política, poesia, cozinha,
educação e amar. Me fala que o bem é sempre a melhor opção. E que sempre há
esta opção. E que não se perde oportunidade de se fazer o bem. Mesmo
maltratado, o Amor sempre ama a gente.
Me acalentou
tanto, o amor! E eu apenas a amo.
Dodô Cavalcante
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