I
Lamento
esse mar imenso
a nos separar
Invento
alguns versos ao menos
Intento
agrados de vento
frescor de mar lusitano
Entre as flores
cresci e vivi
De mar é meu sangue
tormenta de morte
suspiro
ciclone
Mas digo
que tenho
a brandura das folhas caindo
a carícia da brisa no mar
desse mar
que me leva
e te traz
II
Eu sou
algum pescador
trazendo do mar o cheiro
no cesto um cardume inteiro
de versos que achei por lá
Não sou poeta
de peito dorido
Sou feito de vento
filho da folha
neto do mar
III
Estou ao leme
durante a chuva
amansando noites e oceanos
minha bandeira, feito
santos nos altares,
é esperança pros que choram
seus pesares
teus olhos avisam
um lugar de repouso
teus braços
ondas de afagos
dão-me sensação de naufrágio
E quando eu me for
simplesmente me for
por mares e oceanos de novo
que lindas luzes
me servirão de cais?
Dodô Cavalcante
Nenhum comentário:
Postar um comentário