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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Pesadelos


Tem-me ocorrido pesadelos
terríveis. É o mesmo pesadelo
em diferentes  ocorrências

há amigos – todos
eles bem quistos
Muitos motivos celebráveis
Mas uma saudade estranha entre nós

E estamos todos lá na vida
E na morte sob iluminação nublada
Tudo é cinza entre nós

E há uma angústia
Uma espera por algo que tarda
uma revelação
uma despedida

E é como uma despedida
Como se fosse para algum lugar
Como se houvesse para onde ir
Como se não houvesse o que fazer

a angústia é cinza
a espera é cinza
os sorrisos são cinzas
e o destino também

Todos esperam não se sabe o quê
Todos riem e ninguém sabe do quê
Todos dançam, bebem, gritam sem ter pra quê
E eu tenso com um relógio na mão

É um pesadelo estranho
Eu sou um cronista
O observador que descreve a trama

O que fariam os outros
Se não estivessem no meu sonho?
Em que outros sonhos estariam
Festejando outra angústia – angústia de qual cor?

De repente as coisas não fazem
mais sentido. Tudo é noite e eu
corro feito um louco
Fujo
Há pessoas à minha espera
e outras à minha procura
eu corro e envolvo a todos
na escuridão
cachorros latem, avançam
não são pessoas atrás de mim
são gritos, pensamentos,
satisfações a dar
valores, princípios, julgamentos
todos me procuram, todos me caçam
no momento seguinte
há muita gente
é Carnaval em Olinda
é diferente, não é Olinda
mas é lá
é cinza o Carnaval – não a quarta-feira
parece o mesmo sonho
as mesmas sensações
pessoas
cores
espera
e alguém a me mostrar que sempre
há outra vez...

Dodô Cavalcante

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